domingo, 10 de dezembro de 2017

A lenda do fio vermelho

Feche seus olhos e imagine o sangue que lhe dá vida e que corre por seu corpo. Agora pense nas milhares de veias e artérias que o conduzem para que chegue a cada canto de seu organismo. Bem, de todas as possíveis conexões em seu sistema circulatório existe uma direta entre o seu coração e o seu dedo mindinho. Graças à artéria cubital, esses dois pontos distantes de seu corpo se conectam. Isto quer dizer que seu pequeno dedo pode ser o melhor embaixador de seu coração e, por isso, em muitas culturas, para selar uma promessa, entrelaça-se a ponta do dedinho com a de outra pessoa. 
Segundo a lenda do fio vermelho, o menor dedo de sua mão não é onde acaba essa vital conexão com seu coração. Do dedinho se desprende um invisível fio vermelho que leva o rastro de sua alma e lhe conecta de forma definitiva e profunda com os fios de outras pessoas,ou seja, com os seus corações.
Aqueles que estão atados por um fio vermelho estão atados pela força da mesma vida; estão destinados a se encontrar e a viver uma história de mútua aprendizagem e ajuda, sem importar o tempo, a distância ou as circunstâncias que os separem. Durante a vida, o fio pode se estender ou embaralhar, distanciando-nos momentaneamente dessa ou dessas pessoas, mas nunca pode se romper. 
Nesta concepção da vida, o destino e as relações humanas nascem de uma concepção holística do mundo, onde nossa energia e força vital se ramificam além de nosso corpo e nos une ao universo e aos seres que estão nele. O fio vermelho é uma forma de compreender o ser humano como parte de um todo, de uma rede de vida que se nutre das relações, o dar e o receber, que faz sentido, quando compreendemos por que estamos na vida de alguém ou de que maneira podemos ajudá-lo em seu caminho. 
Nosso fio marca nosso destino, é um itinerário traçado que nos aproxima de quem mais necessita e de quem mais necessitamos, ainda que na nossa visão não compreendamos o transcurso da existência terrena. Para os japoneses, é uma forma de pensar que nada é produto da sorte e que não somos tão poderosos quando acreditamos que decidimos sobre nossa vida.
Fica a pergunta: Com quem estou vinculado pelo fio vermelho? O que devo aprender com as pessoas que marcaram minha vida?



domingo, 3 de dezembro de 2017

Quarenta e quatro primaveras...


Sim, “estou” uma jovem senhora. Sempre fico muito introspectiva nesse dia, não me lembro de quando foi que me reconheci nesse turbilhão de sentimentos, tenho um breve ensejo do inicio dessa fase, mas a memória às vezes se torna uma raridade nessa confusão e aventura de ser eu. Mas eu não sou só isso. Eu sou uma porção de outras coisas. Eu quero me dar os parabéns. Uma mulher de 44 anos não é só uma mulher de 44 anos.
Sinto dentro de mim todas as idades que já tive. Aquela menininha de 7 anos que se decepcionou porque Papai Noel não existe está igualzinha aqui dentro se decepcionando com pessoas que não são o que pareciam. Aquela garota aventureira de 12 anos encantada pelo circo vive aparecendo. Por diversas vezes sinto-me com 15 anos toda feliz com algo de bom que me aconteceu. A jovem mãe de 17 anos tão responsável, zelosa e apaixonada por um serzinho tão pequeno e especialA de 25 toda orgulhosa em ter uma família digna de comercial de margarina, a resiliente de 30 reagindo aos conflitos, a confusa de 35 procurando a autoestima, a de 40 se descobrindo em sua totalidade, todas elas ainda pulsadentro de mim.
Mereço ou não mereço muito os meus parabéns? EUZINHA! Eu que permiti todas as adoráveis meninas que me habitam abrissem espaço para que a mulher de 44 primaveras tivesse força e coragem para aceitar os desafios que a vida propõe a cada dia, entender e respeitar quem e como vou me tornando conforme a cor da vida no papel. Embora tenham muitas procrastinações e inquietações ainda vivas guardadas naquele armário, sigo no exercício diário de manter a Calma, respeitando meu tempo e sendo fiel aos meus sentimentos.
OK, tudo bem, os óculos novos devem fazer parte da rotina porque as letrinhas miúdas se embaralham a olho nu devido ao desgaste “natural” da idade. Brigar com cada fiozinho de cabelo branco que teima aparecerEsquecer o nome das pessoas e morrer de vergonha por isso, mas quem nunca? Sentir os calores e os efeitos hormonais de uma pré-menopausa, me boicotar, desanimar e travar diante de uma monografia...mas mesmo assustando, brigando, esquecendo, desanimandosurtando, perdendo o foco eu reconheço os meus méritos.
Lilian, parabéns pra você, muitos ciclos de vida!
Um salve para esse turbilhão. Eu mereço, aceito e agradeço.

  À medida que as últimas horas deste ano escorrem pelos nossos dedos, não consigo deixar de me emocionar ao olhar para trás e contemplar a ...